Bagan, a sudoeste de Mandalay, Mianmar, é um dos lugares mais insólitos do planeta. Por um surto budista, os reis da então Pagan ergueram nada menos que 4400 templos numa área do tamanho da ilha de Manhattan, entre 1057 e 1287. O sonho deles foi interrompido pela chegada dos mongóis, mas foi exatamente aí que começou o seu.
Para uma experiência de balonismo, madrugar é preciso. Um carro vai passar no seu hotel às 5 da matina para levá-lo ao local onde os balões são preparados e inflados. Enquanto a parte técnica acontece, as instruções de segurança são passadas aos passageiros, que também têm acesso a uma mesinha com café e snacks. Quando, por fim, os balões estão quase totalmente inflados, chega a hora do frio na barriga: pular para dentro do cesto com outras, no máximo, 15 pessoas. E só aumenta. No momento que você percebe, enfim, que aquele compartimento de vime se despregou do solo, dá aquela estranha sensação de estar flutuando no ar com algo absolutamente arcaico, repetindo a mesma experiência realizada pelos irmãos franceses Josef e Ettienne Montgolfier em 19 de setembro de 1783. Com a diferença que os primeiros passageiros eram uma ovelha, um pato e um galo.
Passado este pânico inicial de ver a terra se afastando, vem o momento de se entregar ao prazer da experiência, de voar lentamente sobre os milhares de templos e estupas centenários, enquanto o sol se levanta no horizonte. Dura, em média, 50 minutos e o silêncio é quebrado de tempos e tempos pelo ruído do queimador aquecendo o propano. Ao sabor do vento, o balão vai, e até aterrisar (suavemente, no meu caso), aquele cesto de palha vira sua casa no céu. Na chegada, um brinde de espumante deixa mais suave compreender que não dá para voar para sempre.
Quando ir: os voos saem apenas entre Novembro e Março e, mesmo assim, dependem de condições meteorológicas. O ideal é fazer a reserva para o primeiro dia em Bagan e, caso não haja saída, a empresa pode lhe encaixar nos dias seguintes.
Quem leva: Ballons Over Bagan (ver site) por desde US$ 330.
Ideal para: Todo mundo. Mesmo para quem estiver mochilando pela região, vale guardar uma verba para esta experiência única.
Para entrar no clima: Leia A Volta ao Mundo em 80 Dias, de Julio Verne.
Um possível substituto: Voar de balão sobre a Capadócia.
