Todos os dias, 80 turistas são admitidos no Volcanoes National Park, em Ruanda, bem na fronteira com o Congo e com Uganda. Separados em 10 grupos de 8, os afortunados seguem os passos da zoóloga americana Dian Fossey para observar uma família de gorilas em seu habitat natural. Por uma hora inteirinha.
Uma hora pode parecer pouco quando você paga 750 dólares por um passeio. Mas, nesse caso, vale cada centavo. A exclusiva experiência começa com a escolha da família que você irá espiar (como os zoólogos mapeiam os bichos na noite anterior, sabe-se perfeitamente em qual pedaço da montanha qual núcleo familiar estará). Essa escolha determinará o número de quilômetros de caminhada em trilhas de mata fechada que você vencerá. Há trekkings de uma a seis horas – algumas famílias podem estar no sopé da montanha, e outras bem no alto.
A aventura começa sempre bem cedinho. No trajeto ao parque passa-se por vilas e ouve-se as histórias deste país paupérrimo que sobreviveu a um enorme genocídio. Na chegada ao Volcanoes, há, primeiro uma apresentação sobre a história deste parque que foi fundado em 1929 e é o mais antigo de toda a África. Na sequência, exibição de danças locais. Por fim, um briefing de segurança em que se estabelece a distância mínima a se estar dos animais: 7 metros. Dicas de proteção também são passadas: não se pode encará-los, não se pode mostrar os dentes ao rir, etc.
Os avisos e os dois rangers armados que acompanham seu grupo ajudam a moldar o clima, tenso. Que piora consideravelmente quando começa a caminhada no meio da mata. Invariavelmente chove. Fazendo jus ao nome de Floresta Tropical Úmida. A trilha se fecha, aperta, escurece… Você pode ser a pessoa mais corajosa do mundo e ainda irá ficar receosa. De repente, a família aparece à sua frente. Um gorila pequenino, mais curioso, chega a tocar seu pé. O Silverpack, chefe da família, vai encarar feio, e você, sabido, desvia logo o olhar. Os mais jovens fazem arruaça. A mãe segue amamentando. Deste minuto em diante começa a contar a sua hora de avistamento – e de euforia. Eles vão mudando de lugar e você, acompanhando… Aos 50 minutos, eles ficam agitados. A visita acaba. Mas a experiência para sempre fica.
Onde ficar: na capital Kigali, fique no Hotel dês Mille Colline by Kempinski. É o cenário do Hotel Ruanda, premiado filme que contou sobre o genocídio ocorrido no país em 1994.
Quando ir: de abril a junho e de outubro a dezembro, chuve menos.
Quem leva: Venturas (ver site).
Ideal para: quem gosta de vida animal, experiências únicas e trekking.
Para entrar no clima: ver dois filmes: Hotel Ruanda (para entender a convulsão social que tomou conta do país e dizimou 1/8 da população em 1994, além de ver como o gerente do hotel Des Milles Colline ajudou no abrigo de refugiados na ocasião) e o filme Na Montanha dos Gorilas, que apesar de ter sido filmado em Uganda, mostra um pouco do que se vê aqui.
Um possível substituto: ver os crocodilos gigantes no Darwin’s Crocodile Park, na Australia.